terça-feira, 11 de maio de 2010

O Corpo como Objeto Cênico

Nas terças 26/04 e 03/05 foi trazida ao Acaso a discussão "corpo como objeto cênico". A idéia era pensar no corpo como um dos recursos do ator para gerar significado.


Uma linha de pensamento discutida se baseia em elementos da semiótica.
Semiótica, assim mesmo =D. A palavra vem do grego semeiotiké (arte dos sinais) e refere-se à ciência dos signos, a ciência que estuda a produção de significado através de qualquer sistema capaz de comunicar.

Que?!
Tipo assim, nós falamos, a fala é um sistema sígnico, produz signos os quais contêm significado... nós nos movemos, os movimentos também constroem significado, são outro sistema signíco e podem ser estudados.

A semiótica provê ferramentas de análise para que qualquer sistema capaz de gerar significado seja alvo de estudo.

O ator pode ser entendido como um sistema que produz significado, assim como o teatro em si =D

Podemos identificar pelo menos 3 elementos óbvios pelos quais atores produzem significado: o corpo, a voz e o texto. Aqui percebemos a importância do ator! Ele é o meio pelo qual três sistemas - independentes - se combinam na produção de significado.

Legal, mas para que a semiótica?!
Ok, vamos primeiro deixar claro que por enquanto este é um estudo somente do corpo! E vamos restringir um pouco mais, é o estudo do corpo parado, como se fosse uma imagem.
A semiótica nos dá três ferramentas básicas que são as idades do pensamento. Descreve modos distintos da produção de significado.
Tento aqui um resumo delas!
Primeira idade) é a apresentação de um texto (entenda qualquer coisa como texto, uma cena, uma palavra falada, um objeto qualquer, etc.) e o entendimento derivado de uma análise superficial deste.
Segunda idade) são fatos incontestáveis sobre aquilo que foi apresentado, geralmente é composto de ações (verbos), conclusões óbvias e comum à maioria das pessoas.
Terceira idade) é a representação de um texto, desperta pelo cognitivo de cada observador, o significado agregado ao que foi apresentado graças à experiência de cada observador.

Exemplificando...
 texto: uma maçã bem vermelha sobre uma mesa
1ª é a maçã em si, um formato mais ou menos arredondado, achatada no topo, com um pequeno talo, vermelha, lisa
2ª é a maçã madura, a maçã sobre a mesa, ganhando sabor com tempo até que começará a apodrecer e mudará de cor, é a maçã parada que ainda não foi comida
3ª pode ser o pecado de Adão e Eva, o amor entre duas pessoas, um parque de diversão, algodão doce, roda gigante, solidão, etc...

Então o corpo - estático - foi estudado no nível da Apresentação (1ª idade) e da Representação (3ª idade).
Estas oficinas foram o primeiro contato com esta divisão e por isso nos limitamos a identificar e aprender a lidar com tais níveis de significação, por isso, tentamos mantê-los bem separados. No futuro trabalharemos a 2ª idade e o potencial comunicativo da fusão das 3 através do ator.

Primeira grande conclusão - importantíssima - na geração de significado através da Representação, a platéia contribui com experiência de vida, eles são o elemento cognitivo! Não existe comunicação através da representação se os observadores (a platéia) não tiverem a chance de pensar a respeito do que vêem!
Isso quer dizer que não existirá representação universal de um texto! As referências de cada observador contribuirão na construção do significado. E isso não é ruim, ao contrário, essa é a beleza da arte de representar! E é por isso que exige estudo! O ator não força a platéia, ele a conduz numa linha de raciocínio.

Mais!!!

A apresentação dá ao ator as referências óbvias para a platéia enquanto a representação mexe com o interior de cada um.
Conclusões: para representar algo, não necessariamente o referido algo precisa ser mencionado ou apresentado. Nesta linha foram feitos exercícios que separam  apresentação e a representação. Os atores foram instruídos a abstrair ao máximo quando representando, tentando evitar elementos de apresentação, como se no momento nossos corpos somente pudessem manipular uma ferramenta de significado por vez.

Um dos exercícios foi a produção de imagens (com o corpo) que ora apresentam , ora representam uma cena (objetos físicos dispostos pelo oficineiro ou imagens de quadro). Abaixo vocês podem conferir do que estamos falando =D





















































Presentes: André, Filippe, Hilde, Itu, Marcus, Murilo, Nádia, Pai
Oficineiro: Wilker

 Uma brincadeirinha... porque no teatro podemos Criar tudo =D

Grande abraço!
"por toda parte, e não por acaso"

Um comentário:

  1. haha!! casquei com a foto do final!
    depois povo estranha a galera do teatro e a gente acha ruim! aiuheiuha

    o que vale eh dar risada! XD

    muito bem construida a oficina e a ata aqui Wilker!! meus PARABENS!
    acho que essas fotos poderiam ir pro orkut do grupo tambem!! alguem se encarrega?

    abraços.

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